— Mamãe!
— O que foi agora, Lex Luthor?
— Eu não posso mais ir pros Estados Unidos, mamãe! O sonho americano virou pesadelo burocrático!
— Meu Deus, o Superman te barrou no aeroporto?
— Pior! Perdi o passaporte e tô mais duro que vilão no final de filme da Marvel!
Mamãe levou a mão ao coração, como se tivesse tomado um susto com a conta de luz.
— Ai, Senhor, por que me deste um filho gênio… e tão enrolado?
— Eu tinha tudo pronto, mãe. Ia pra Nova York dominar Wall Street com meu blazer roxo e minha calça skinny. Já tava com o discurso na ponta da língua: “Hello, America. I’m bald and fabulous!”
— Blazer roxo, Lex? Tu não podia usar uma roupa neutra, não?
— Mamãe, eu sou careca e teatral. Se eu não causar, eu nem funciono!
— E o dinheiro da viagem?
— Sumiu, mãe. Escorreu. Tipo cabelo na minha cabeça depois dos 23.
— Mas tu tinha dinheiro, Lex!
— Sim, e comprei um projetor 4K, uma cadeira gamer e uma assinatura vitalícia do “Duolingo Plus”.
— Duolingo?!
— Tô aprendendo francês. Quero conquistar Paris e um francês sarado.
Ela respira fundo.
— E o passaporte, tu procurou?
— Claro! Vasculhei tudo: embaixo da cama, dentro do forno, até na caixa do secador de cabelo que comprei na esperança.
— Secador, Lex?
— Às vezes a ilusão me aquece mais que o vento quente.
— E agora?
— Agora só me resta o drama, mamãe. Drama e reclamação. Meu novo superpoder.
Ele se joga no sofá com a mão na testa, parecendo uma mistura de Cleópatra com Regina Duarte em novela.
— Estou exausto! Psicologicamente e financeiramente.
Mamãe, já sem paciência:
— Por que tu não tira outro passaporte, Lex? Junta o dinheiro e vai depois!
— Porque até lá o dólar vai estar o preço de uma pedra de kriptonita, e eu vou estar vendendo docinho em porta de academia gritando: “Ajude um careca fofo a ir pra Disney!”
Ela tenta animar:
— Você é inteligente, bonito…
— Mamãe, eu sou careca desde o ensino médio, minha conta bancária está mais seca que piada em show de stand-up ruim, e meu último namorado me trocou por um barista com abdômen trincado e bigode vintage. Tô bonito onde?
— E o trabalho?
— Trabalho com redes sociais, mãe. Era pra eu divulgar um evento de Excel e postei um vídeo meu dançando jazz interpretativo com uma planilha nas mãos.
— E isso deu certo?
— Bombou! Mas foi demissão por justa causa.
Mamãe sorri.
— Lex, tu é doido, mas é meu doido de estimação.
— Obrigado, mãe. Só me promete uma coisa: se eu morrer de desgosto, escreve na lápide:
“Aqui jaz Lex Luthor, careca, gay e barrado no aeroporto sem passaporte.”
— Tu é exagerado demais!
— Tá bom, então escreve só:
“Proibido na imigração, liberado por Deus.”