Quando um representante eleito evita participar de uma manifestação popular, como a que acontecerá amanhã (03), em várias partes do Brasil, especialmente aquelas que expressam anseios legítimos da sociedade, acende-se um alerta sobre seu compromisso com o povo.
A ausência pode revelar medo, omissão ou até desprezo pela voz das ruas. Quem se cala diante do clamor popular, frequentemente, demonstra mais lealdade ao sistema do que aos cidadãos.
Um líder verdadeiro enfrenta, dialoga e se posiciona, mesmo em tempos difíceis ou com perseguições. Afinal, quem se esconde quando o povo clama estará realmente ao lado dele quando mais precisar?
Quando um líder político se ausenta de uma manifestação legítima, ele não apenas evita o apoio direto com a população, mas revela algo mais profundo: uma desconexão emocional e moral com aqueles que deveria representar ou medo de certas retaliações invisíveis.
Em momentos cruciais, a presença de governadores, vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores ao lado do povo é um gesto concreto de coragem, respeito e empatia, além de um recado claro ao sistema.
Fugir dessas ocasiões é abrir mão do diálogo, do apoio, da escuta e da responsabilidade. O silêncio de quem governa diante da voz do povo é a mais eloquente confissão de sua covardia; as desculpas para não comparecer são apenas farsas e demagogias. Fábulas.
Tais ausências podem ser mais do que estratégia política, podem ser sintoma de insegurança psíquica, medo do julgamento coletivo ou até mesmo indiferença disfarçada de neutralidade. Ou medo do sistema.
A omissão política, muitas vezes, é reflexo de um ego que teme ser confrontado com a verdade coletiva que tenta ignorar.
A psicologia nos ensina que o medo da exposição é típico de personalidades que constroem muros ao invés de pontes. E, em política, quem constrói muros entre si e o povo perde, cedo ou tarde, a legitimidade para governar.
Quando um líder político se ausenta de uma manifestação legítima, age como o capitão que abandona o navio na iminência da tempestade, deixando a tripulação à mercê das ondas.
Sua ausência não é neutra; é um grito silencioso que denuncia sua covardia diante do mar revolto da vontade popular.
Em momentos decisivos, a presença de um governador ou parlamentar junto ao povo é como o farol que permanece aceso mesmo na escuridão, orienta, acalma e mostra que há alguém firme no comando.
Tal comportamento lembra o jardineiro que teme o contato com a terra, preferindo ver as flores murcharem a sujar as mãos para salvá-las. Covarde, prefere ver a morte do que enfrentar os seus medos.
Assim como o espelho quebra quando alguém recusa a própria imagem, o político ausente evita a rua porque não suporta o reflexo de sua própria inércia.
Psicologicamente, isso revela mais do que um cálculo estratégico; expõe um abismo entre a vaidade de quem governa e a realidade de quem é governado. E, nesse abismo, perece a confiança.
É curioso como tantos políticos adoram se dizer “representantes do povo“, berram nas redes sociais como leões vorazes, mas nas ruas são gatos medrosos, somem e se escondem exatamente quando o povo aparece.
Quando há manifestação convocada, muitos se trancam em suas salas e apartamentos climatizados, como se a democracia fosse uma peça de porcelana que não pode ser exposta ao calor das ruas.
A desculpa é sempre elegante: “não quero politizar o ato” ou “não é a hora de se expor”, como se já não vivessem mergulhados até o pescoço em politicagem barata.
Quem foge da manifestação foge da verdade, e quem foge da verdade não merece o comando do povo.
Não merece nossos votos nas próximas eleições.
O silêncio, nesse contexto, não é prudência, é covardia, mesmo desfilando com a camisa do Brasil.
É o medo de olhar no espelho e ver refletido não um líder, mas um burocrata em crise existencial, um covarde colossal que se esconde atrás de discursos espúrios.
Parece que alguns foram eleitos para governar salas de reunião, não gente de verdade. O povo. E quando a rua ruge, esses valentes do plenário baixam a cabeça, não por humildade, mas por conveniência.
O medo da manifestação revela uma alma tão frágil que nem o paletó de autoridade consegue esconder. Esses ausentes seletivos estão sempre “trabalhando pelo povo”, desde que não precisem encarar o povo cara a cara.
Mas que não se esqueçam e anotem esta verdade: quem não ouve a rua hoje ouvirá o grito das urnas amanhã. E esse, sim, não poderá ser ignorado com nota oficial nem selfie no gabinete, muito menos com discursos acalorados nas redes sociais.
Mas há algo ainda mais alarmante do que a ausência física: é a ausência moral.
Porque quando o povo clama por justiça, liberdade e verdade, e o representante eleito se cala, ele não está apenas se omitindo; está escolhendo o lado errado da história.
A pior traição política não é dita em palavras, mas sussurrada no silêncio de quem deveria falar.
E diante disso, uma pergunta não cala: como confiar em quem tem medo do próprio eleitor?
Léo Vilhena
@LeoVilhenaReal